quarta-feira, 13 de maio de 2015

Os romances de namoro de Júlio Dinis

       Massaud em seu livro, A Literatura Portuguesa, utiliza a terminologia romances de namoro para as obras de Júlio Dinis. Mas, afinal, quem foi Júlio Dinis?

Júlio Dinis foi um literário dos fins do Romantismo, conhecido por tratar em seu romances o jogo amoroso de uma forma <<pura e espontânea>>(tal como pontuou Massaud Moiséis). O triângulo amoroso formado é organizado por mal-entendidos que se resolvem, conduzindo sempre à finais felizes, tais como os dos contos de fada.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Uma obra romântica é sempre romântica(com aspectos da paixão)

          Romance é uma obra literária que não necessariamente terá personagens apaixonados


A definição pode ser explicada pelo seu termo medieval "romanço", que designava as línguas utilizadas pelo povo no período do Império Romano. . Essas línguas eram uma forma popular e evolutiva do latim. Também se chamavam romanço, as composições de cunho popular e folclórico, escritas nesse latim vulgar, em prosa e em verso, que contavam histórias cheias de imaginação, fantasias e aventuras. 
No sentido literário, romance significa obra literária que apresenta narrativa em prosa(em parágrafos). Romantismo é o nome que se deu ao movimento literário libertário, que começou no final do século XVIII e vigorou até meados do século XIX.

Assim, para fins acadêmicos e literários nos referimos a Romance como uma escola literária, e não o romantismo, no sentido estrito de paixão, amor...

A influência de Camões pós-Classicismo

           Em tempos de Neoclassicismo com Bocage, tem-se uma presença, como em forma de influência de Camões para Bocage em um conhecido poema de Elmano Sadino:

Com o uso do vocativo, grande Camões, já se tem uma expressividade de engradecimento do autor. E há uma referência, também a imitação, que naquela época não era vista com más olhos.

Camões também é retomado em Almeida Garrett com o poema narrativo, Camões, datado do primeiro exílio do autor em questão. Trata-se da primeira obra romântica da literatura portuguesa. No prefácio, Garrett afirma não ter obedecido "a regras nem a princípios", apenas afirma-se que: ("não sou clássico nem romântico; de mim digo que não tenho seita nem partido em poesia"), confessa ter seguido apenas "o coração e os sentimentos da natureza".  A obra poética surge como a obra emblemática e fundadora do Romantismo português,

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Realismo ou realismo?


         Levar em conta o que venha a ser a diferença entre Realismo e realismo é vantajoso para entender muitas coisas. Primeiramente, vale frisar que, no decorrer toda a literatura, teve-se momentos em que no momento descritivo de uma determinada ação, de um determinado personagem, o autor(escritor) se utilizou desta técnica narrativa. Nas palavras de Massaud Moiséis, em sua obra A Literatura Portuguesa(2008) há alusão nesse tocante:

É preciso ponderar o seguinte: atitudes realistas houve sempre, desde que surgiu a arte, mas a moda realista aparece nos fins do século XIX(...) Por isso, quando falamos em Realismo, estética realista e cognatos, queremos referir-nos a um momento específico e diferenciado da história das literaturas europeias e americanas.( MOISÉS, 2008).

Outro autor, Afrânio Coutinho, em sua obra, A Literatura no Brasil, também segue essa esteira de pensamento nas seguintes afirmações:

“O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos se submeterem ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito”, assim afirma Bosi (1997, p. 187), semelhante a quem tentamos “abraçar de um só golpe a literatura realista-naturalista-parnasiana” (cf. COUTINHO, 2004, p. 11)

Com efeito, chegamos a uma conclusão que realismo, enquanto estilo, existe ao longo do tempo. Ao retratar a realidade com abordagem de momentos do cotidiano, rejeição de um sentimentalismo e heroísmo, ademais de um predomínio do modo de narrar em terceira pessoa, ter-se-á uma obra realista. Realismo, com "r" maiúsculo, vale dizer, segue todos esses propósitos, e foi uma escola que surgiu em Portugal a partir da questão Coimbrã e das Conferências do Cassino Lisbonense.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Crime do Padre Amaro: obra original ou imitação de Zola?


    Indubitavelmente, a Literatura como um todo está atravessada por influências. Outrora, século XVI, especificamente, existia com muita força obras imitadas. Muito se afirma, por exemplo, que Camões se inspirou e até imitou completamente, em alguns momentos, Petrarca e Policarpo Quaresma ser o abrasileiramento do personagem cervantino, Dom Quixote. Seguindo esta esteira, temos em foco o Crime do Padre Amaro, que há muitos que afirmam, categoricamente, que Eça "copiou" e poliu a obra de Zola La Faute de L'Abbé Mouret. Por outro lado, o bom leitor vai deparar-se com uma realidade diferente no ato leitura das duas obras, já dizia o nosso autor de O Primo Basílio "La Faute de l'Abbé Mouret é, no seu episódio central, o quadro alegórico da iniciação do primeiro homem e da primeira mulher no amor" ; já o "Crime do Padre Amaro" tinha no enredo uma "simples intriga de clérigos e de beatas, tramada e murmurada à sombra duma velha Sé de província portuguesa". 

Abaixo, há um trecho de autoria de Machado de Assis:

"O próprio Crime do padre Amaro é imitação do romance de Zola, La faute de l’abbé Mouret. Situação análoga; iguais tendências; diferença no meio; diferença no desenlance; idêntico estilo; algumas reminiscências, como no capítulo da missa, e outras; enfim, o mesmo título.”

“O Sr. Eça de Queirós não quer ser realista mitigado, mas intenso e completo; e daí vem o tom carregado das tintas, que nos assusta, para ele é simplesmente o tom próprio. Dado, porém, que a doutrina do Sr. Eça de Queirós fosse verdadeira, ainda assim cumpre não acumular tanto as cores, nem acentuar tanto as linhas; e quem o diz é o próprio chefe da escola, de quem li, há pouco, e não sem pasmo, que o perigo do movimento é haver quem suponha que o traço grosso é o traço exato.”

Machado de Assis, sob o pseudônimo Eleazar, O Cruzeiro, 16/4/1878



quarta-feira, 25 de março de 2015

O grande representante da Literatura Realista Portuguesa: Eça de Queirós


A vida do homem que enriqueceu o mundo das Literatura Realista em fins do século XIX, Eça de Queirós, foi da seguinte maneira: estudante de Direito em Coimbra e um pouco depois escritor num jornal de grande vulto em Portugal, o Jornal Gazeta de Portugal. Um dos que se sentiram inspirados pela literatura flaubertiana. O escritor de obras como: A Ilustre Casa de Ramires(1900), As Cidades e as Serras(1901, póstumo), O Crime do Padre Amaro(1875)*, Os Maias(1888), O Primo Basílio(1878), dentre outras obras, carregavam em seu bojo características de sua grande marca, como a: ironia, descrição dos locais e comportamento das pessoas burguesas. 

*Considerado o melhor romance realista portugu~es do século XIX.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Questão Coimbrã ou "Questão do Bom Senso e Bom Gosto"

             
Na foto: participantes da Geração 70, da Questão Coimbrã e Conferências do Cassino Lisbonense. Com participantes como Eça de Queirós, Oliveira Martins e Antero de Quental. 

           Este movimento pré-realismo em Portugal consistiu num conflito entre Românticos e jovens  estudantes revolucionários( que viriam  a ser os realistas). O estopim de toda polêmica foi simples e giravam em torno de: Antero de Quental e Teófilo Braga. 
              Uma obra de Pinheiro Chagas nomeada Poema da Mocidade, teve a carta-posfácio redigida pelo romântico, Antônio Feliciano de Castilho, referenciando à moderna escola de Coimbra e a Antero de Quental e Teófilo Braga. 
              Antero contestou com um texto intitulado " Bom Senso e Bom Gosto" , argumentando que há um exagero dos românticos e já delineava uma nova maneira de fazer literatura. Logo, a partir de 1866  ficou o conflito entre sentimentalismo exacerbado de românticos e estética intrinsecamente ligada ao cientificismo, os futuros realistas.